Não é raro um candidato procurar o Poder Judiciário para buscar um posicionamento sobre determinada questão aplicada em prova, sobre o gabarito, inscrição e até mesmo para garantir a sua nomeação.

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Somente após uma longa e demorada batalha judicial é que, aquele candidato, obtendo a vitória, verá reconhecido o erro da Administração na elaboração da prova, alcançando o direito de ser nomeado para o cargo em que concorreu.

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Neste momento é que surge a dúvida: é possível ajuizar uma ação pleiteando indenização?

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Infelizmente, a orientação do Superior Tribunal de Justiça é de que a União, municípios ou estados não podem ser condenados a arcarem com as indenizações dos candidatos que, sem tomar posse em cargo público, aguardaram por longos anos a confirmação judicial do seu direito.

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Em razão disso, a maior parte dos juízes e desembargadores aplicam o entendimento do STJ, não admitindo a condenação a indenização.

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Mas o tema ainda não está sedimentado.

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Por se tratar de uma questão constitucional (aplicação do artigo 37, §6º da Constituição Federal), a Corte responsável para julgar definitivamente a questão é o STF. Este tema – indenização por posse tardia – está na lista de temas que serão julgados pela Corte Suprema.

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Para demonstrar que o tema não é nada pacífico, cumpre lembrar que no STF existe, inclusive, diversos precedentes favoráveis, determinando a indenização do candidato que aguardou a solução da demanda judicial, o que acabou ocasionando o atraso da nomeação e posse para o cargo.

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Assim, nota-se que, apesar da posição contrária do Superior Tribunal de Justiça, felizmente ainda há espaço e argumentos suficientes para embasar novas demandas judiciais daqueles servidores/candidatos que desejam ingressar com ação indenizatória em face da Administração por ter-lhes nomeado tardiamente em decorrência de ato ilícito reconhecido judicialmente.

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Por: Thaisi Jorge, advogada, especialista em concurso público

Thaisi Jorge

Thaisi Jorge

Sócia do escritório Machado Gobbo Advogados. Formada na Universidade de Brasília. Pós-graduada em Direito Contratual pela PUC-SP. Pós-graduada em Direito Administrativo pela USP. Reconhecida no guia americano Best Lawyers 2020 a 2024 na área de Direito Administrativo. Ex-Presidente da Comissão de Fiscalização de Concursos Públicos da OAB/DF.

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